A PISCICULTURA ORNAMENTAL COMO ALTERNATIVA PARA SISTEMA POLICULTURA-PECUÁRIA
O chamado sistema policultura-pecuária visa com que a propriedade rural (ou urbana) atinja um equilíbrio entre um número de atividades agrícolas e de criação de animais. Essa diversificação da produção diminui os riscos econômicos, oferecem mais segurança contra intempéries e desigualdades nas colheitas e é caracterizado como uma evolução, ou seja, um aperfeiçoamento. Como afirma Bianchini, “o sistema policultura-pecuária sempre foi um traço característico e esperado da agricultura familiar e tem como função o autoconsumo familiar, geração de renda monetária constante durante o ano com pouca dependência de insumos externos e redução de riscos para a reprodução familiar. Segundo Penrose, a diversificação é “[...] a melhor barreira contra todos os tipos de alterações adversas e, portanto, a melhor maneira de contrabalançar a vulnerabilidade da firma a tais alterações”. A piscicultura ornamental brasileira tem crescido expressivamente nos últimos anos como um meio de introdução da natureza dentro dos lares brasileiros, bem como consultórios médicos, restaurantes e até mesmo em boates. Menos de 15% dos peixes comercializados é resultado de pesca extrativista, ou seja, a maioria dos peixes encontrados em lojas especializadas no Brasil e exportados são provenientes de aquiculturas ornamentais. Essas pisciculturas se concentram principalmente na região Sudeste e Nordeste do país. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil movimenta mais de um bilhão de dólares e exporta cerca de cinco milhões de dólares em peixes ornamentais por ano. Mesmo com estes dados expressivos, a piscicultura ornamental ainda é pouco difundida no Brasil, onde a mesma favorece a geração de trabalho e renda para pequenos empreendedores. Um trabalho realizado em 2010 por Kodama, Annunciação, Sanches, Gomes e Tsuzuki - estudantes de Florianópolis - mostrou que “a mão-de-obra representou o principal custo operacional, cerca de 40%. A taxa interna de retorno (TIR) foi de 37,15 e 58,23% e o “pay-back” de 25 e 33 meses, respectivamente, para os dois preços de venda praticados (R$ 25,00 e R$ 30,00). O cultivo em pequena escala em sistema de recirculação de água mostrou-se economicamente viável, apresentando indicadores de rentabilidade atraentes, comparado a outros empreendimentos aquícolas.” Esse trabalho foi realizado sobre a viabilidade econômica do cultivo do Peixe Palhaço (Amphiprion ocellaris). A rentabilidade ao produzir peixes ornamentais é consideravelmente maior que outras produções convencionais. A viabilidade da atividade é comprovada, quando comparada à produção da pecuária nacional. Enquanto em um hectare de terra é possível produzir, em média, apenas 200 quilos (13,5 arrobas) de carne bovina por ano, essa mesma área com tanques ou estufas, a produção pode passar de 250 mil unidades de peixes. Diferente das “commodities", os preços dos peixes ornamentais são definidos pelo produtor e variam conforme a qualidade da produção. A criação de peixes ornamentais, ou seja, pecuária não convencional, tem se mostrada dinâmica e com bom índice de crescimento. Por esse motivo, a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) sediada em Campos dos Goytacazes, assiste diversos produtores de MG e RJ, visando estudar e pesquisar tecnologias para diminuição de custos e aumento da produção. As espécies mais produzidas no Brasil são, respectivamente, Betta (Betta splendens), Kinguio (Carassius auratus auratus), Guppy (Poecilia reticulata) e Acará-bandeira (Pterophyllum scalare).
Michel Bruno
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